quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Pai !



“De onde vem a calma daquele cara?”

Marcelo Camelo conheceu meu pai? Por que é isso que me pergunto sempre.

Como ele consegue ser tão calmo? Por que o olho dele fica mais azul quando ele ta cansado? Não era pra ficar cinza, ou preto, ou mais escuro, ou simplesmente permanecer da mesma cor?

Ele é incrível.

O mundo desaba lá fora, e ele olha com paciência e diz:
“-Calma. Não adianta apavorar. A vida tem dessas coisas.”
E ai me pergunto se a vida ainda tem muito dessas preciosidades...

Porque hoje todo mundo está sempre lutando contra o relógio, contra o tal do stress, contra a própria vida e se esquece de ter paz. De ter calma.

Ele não. Ele consegue me transmitir tranqüilidade.

Mesmo longe. Quando me sinto nervosa e desorientada me lembro dos olhos azuis. Lembro do violão, do amor dedicado, da paciência, da ingenuidade no olhar... Lembro que depois de um beijo, tudo em mim se resolvia. E se acalmava.

Herdei isso. Não dessas heranças sanguíneas, que você não tem escolha se quer ou não herdar. Herdei por que ele me ofereceu isso. E eu aceitei. Aceitei pelo conviver. Pelo amor que me foi cedido através de ensinamentos e cheirinhos de bom dia. Pelo respeito.

Pela convicção do correto.

Tão bom quando ele me olha com doçura e questiona: “Tudo em paz, fiotona?”.

Não é a toa que ele adora pássaros. Pássaros e violão.

E isso ficava sempre em mim. Ele cuidando dos bichinhos como se fossem filhos...

Fiquei a ver... Resolvi me tornar um. Virei passarinho e voei.

Até porque chegou um momento em que ele não quis mais seus pássaros engaiolados. Queria-os livres.

Voei...Mas trouxe comigo algo precioso. Paz! Tenho ânsia dela todos os dias. Me ensinou tão bem, que sou capaz de apostar que ela é a progenitora de todos os outros sentimentos bons.

Carreguei os valores. Estão comigo sempre.

Digo ainda:
“Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos.”

E não se preocupe: O pássaro cultivado com amor, sempre se lembra do caminho de volta.

E amor eu tive de sobra.

Amo!



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