segunda-feira, 14 de março de 2011

O passado em forma de novela




Minha fraqueza surgiu quando assumi algo que eu não tinha certeza. É... Na realidade eu nunca tive a certeza. Mas é que eu não sei lidar com os sentimentos que eu exteriorizo para mim mesma. Esclarecendo bem, são novelas mexicanas que eu crio na minha cabeça com qualquer personagem cabível na minha mente. Se eu exponho o roteiro dessas novelas, acabo me enganando mesmo sabendo que a historinha da minha cabeça não existe (e na maioria das vezes eu nem quero que elas existam mesmo...). Hoje eu tenho que tentar me desenganar. E veja você que o fim de todas eu já conseguira definir bem antes dessa altura do campeonato, com exceção de uma historinha: A sua. Fui mais telespectadora do que autora. Eu me apeguei a sua história. Eu sofri a sua dor. Eu chorei com o personagem. Mas fui uma telespectadora impaciente, uma telespectadora que ficou indignada por não conseguir aceitar o que o personagem aceitou. Uma telespectadora burra. Talvez precisaria de meu tio gritar do outro lado da sala “Hey, isso é só uma novela!” para eu poder recordar que você, desde o início foi um personagem fictício com sabor real.Fictício com sabor real...
No decorrer do enredo, fui deixando o fictício se tornar real demais. Eu deixei. E não diferente do personagem, acabei aceitando o que um autor não deveria aceitar.
Ta na hora do autor destrinchar a história. É no fim que tudo acontece, não é? É no fim, que a perda vira recompensa. É no fim que o jogo vira.
Não é um processo muito fácil. Finalizar a história significa desmitificar o personagem. É conseguir separar o fictício do real. Nesse caso, finalizar é voltar ao inicio. Eu tenho que me convencer e me relembrar que não tinha sentimento, que é tudo um carinho e que o inicio não passou de uma brincadeira de provocações.
E uma das poucas coisas que a autora e a telespectadora fazem juntas, é olhar para você no fim da noite, balançar a cabeça e relembrar o trecho de um texto: “Pobre criança que ainda não sabe o que é amor de verdade...”


Esse texto foi escrito quando findei um relacionamento. Mas consegui tirar tanto o foco daquele homem, que nem dei importância ao texto e acabei por nunca passar ele a limpo no blog. Hoje (completamente curada) achei esse texto nos meus arquivos e não achei tarde colocá-lo aqui. Bjoo!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Muros, pontes e (não)afins.


Eu quero te escrever uma carta, mas não sei nem ao menos como começar. Escrevo: “Querido, Fulano!”? Ou melhor: “Olá, Fulano!”? (Paro um pouco. Penso que tanto faz, porque na realidade, você nunca vai ler essa carta mesmo.) Opto por: “Fulano,”. Assim. Curto, direto e objetivo. Sem rodeios. Mas cá pra nós, não é isso que meu coração tem feito comigo. Ele tem me rodeado, rodeado, sai de mim, dá voltas, me cerca na esquina, me assalta na padaria, me incomoda no silêncio, volta aqui pra dentro e acaba lá na garganta, dando um nó apertado. E garganta lá é lugar de coração? Digo pra ele: “Volta, Coração! Volta para o seu lugar!”. Mas ele não me obedece. Por isso decidi escrever uma carta para você. Não por mim, mas por ele. Pelo meu coração. É que tenho a sensação que você pode me ajudar a fazer isso. Fique tranqüilo, não é uma súplica para você voltar pra mim. Nunca faria isso, nem mesmo pelo meu coração teimoso. É uma ajuda. Um custo-benefício requerido sobre os sorrisos que dividimos. Sorrisos esses que fizeram diferença pra mim. Amei a pessoa que fui ao seu lado. Mas se eu continuar sendo assim, só vou acabar me machucando mais. E independente de todos os sorrisos, eu estou aqui agora, e você aí. E tudo aquilo ficou pra trás. Virou lembranças. Lembranças do que foi a gente, lembranças do seu cheiro, do seu beijo, de você. E sei que é melhor tudo ficar na lembrança. Não vamos me iludir mais. Sabe quando eu te ligo? Atenda! Não é pra te convidar pra sair. Eu já decidi que não vou mais transar com você. Não, não vou. E só pra auto-reafirmar repito: Eu já decidi que não vou mais... Não consigo me auto-reafirmar. É por isso que queria ouvir sua voz. Pra te dizer que mesmo eu construindo esse muro ao redor do meu coração, eu tenho sensata consideração por ti e que o muro é só pra me salvar. Não posso construir uma ponte. Sei que não. Ela despencaria em cima de mim mesma e eu acabaria me perdendo. Acabaria sem rumo novamente. E não teria ninguém pra me ajudar a me encontrar. Pois é isso que você faz. Atravessa a ponte, me faz reviver momentos bons, me faz bem. E vai embora, deixa esse vazio. Resolvi cortar esse seu caminho. Resolvi me proteger de você. Nós dois sabemos o efeito que você tem sobre mim. Portanto, não tente quebrar esse muro, não tente pulá-lo, não tente mais nada. Pois aquela menina que estava ao seu lado há algum tempo está aprisionada e acorrentada a sete chaves protegida por esse muro. E farei de tudo pra ela não se libertar novamente. Pelo menos não ser liberta por você. Essa menina presa chora, implora por você, mesmo sabendo a dor que isso vai causar a ela, as correntes não a deixam ir atrás de você. E com o tempo veremos que foi melhor assim. Ela vai crescer, vai aprender a não confiar em sentimentos, vai ter aprendido como é ser abandonada e vai se tornar uma menina forte, mas fria. E não, não haverá mais nada de você dentro dela. E mesmo aquelas lembranças que eram boas, estarão distantes, ofuscadas por algo mais forte do que tudo o que você pode fazer. Sabe que não vejo a hora mesmo, é de poder derrubar o muro. Te olhar “olho no olho” e enxergar apenas você. Sem misticismo, fantasias, sem lupa. Enxergando apenas o que você é de verdade, e não esse amontoado de qualidades inexistentes que eu fantasiei só para te tornar mais perfeitinho pra mim. Estou declaradamente desistindo de você. Diria o poeta que é por amor-próprio. Que amor? Não me venha falar de amor. Diga sensatez, realismo, pé no chão. Menos amor. Não cabe essa palavra na nossa conversa em nenhum tempo, modo ou pessoa. Sem essa de amor. Sem essa de falar de sentimentos que você não possui. Não tem como querer argumentar sobre algo que você não conhece, tampouco sabe que existe. Sim, eu acredito que você até gostou de mim. Mas não passou de um simples e vazio gostar. Não rolou aquele desejo, desejo esse que sempre me consumiu, e que hoje dói em minhas veias. Mas que estou aprendendo a eliminar de mim, como se fosse um vírus. Vou combatendo aos poucos, e em breve, estarei imune ao seu cheiro, seu sorriso, seu abraço, estarei imune a você. E será aí, nesse ponto, que você verá o que fez. Mas também vai perceber que não dá pra voltar atrás. Afinal de contas, uma vez imune, imune pra sempre. E no fim, eu vejo que não há outro jeito. Com muros, pontes, estradas ou abismos, terei apenas meus pés para me guiar. A jornada começou e eu quero mais é colecionar pontes e derrubar muros. Você escolheu o muro e eu te desejo é que tenha muitas pontes em seu caminho. Não adianta agora olhar pra trás, ou tentar voltar. Você não pode transpor esse muro, não pode mudar mais o que sinto. Aquele caminho que traçamos juntos está totalmente inacessível, cada um terá seu caminho e o meu muro barrará qualquer tentativa de aproximação sua. Siga seu caminho, deixe que eu siga o meu. Me deixe ser feliz (sim, eu serei feliz sem você). E um dia, quem sabe, o muro não seja apenas uma cerca. Mas isso não significa que poderemos ficar juntos de novo, significa apenas que você não me machuca mais e que te ver, não me faz sentir mais nada.

(Texto escrito por mim e por Priscilla Fonseca)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

terça-feira, 22 de setembro de 2009

"O pequeno..."

"Estás a ver aqueles campos de trigo ali adiante? Eu não gosto de pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando tu me tiveres cativado, vai ser maravilhoso! O trigo é dourado e há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do som do vento a bater no trigo... "

"-Cativa-me!
- E tenho de fazer o quê? - disse o principezinho.
- Tens de ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas podes-te sentar cada dia um bocadinho mais perto... O principezinho voltou no dia seguinte. - Era melhor teres vindo á mesma hora - disse a raposa. - Por exemplo, se vieres às quatro horas , às três, já eu começo a estar feliz. "

"- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já não se lembram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela."

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aquela onda dentro da gente...



"-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo."

C.F.A

Parecem aquelas primeiras conversas...
Aquela que forma uma onda dentro da gente...
Bem forte!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fé !


As dores não são vãs.
Não existem apenas para nos desequilibrar emocionalmente
ou nos fazer sentir uma criatura pior.
Após superada a fase de pranto e amargura interna, pode-se por vezes
perceber a grandeza que a mesma nos trouxe.
Ninguém pode permanecer tendo a mesma fraqueza após superá-la.
Algo superado é algo vencido.
E algo vencido pela superação é digno de mérito.
Claro.Os hematomas...Alguns não se apagam.
As mortes e saudades,por exemplo, parecem nunca ter um fim completo.
Vez ou outra se revelam em meio ao caos cotidiano.
E machucam. Querer alguém que também te quer e não poder tê-lo, vê-lo e nem sequer ouvi-lo, é uma tortura. Morte é cruel.Não é dor.É loucura.
As dores não são vãs.
Após superadas nos ensinam, amadurecem, enobrecem...
Minha fonte particular de superação está baseada em
Alguém maior que tudo.Maior que todos.
Através da oração venço meus obstáculos.
E venço!
Acredito em Deus ainda que não O veja.
Acredito sempre!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pra não dizer que não falei do fim...



Existem manés por ai camuflados de homens.
(E muitos disfarces foram espalhados pelo visto.)
Eles precisam de um sujigão para poderem
ver que até as mais descompromissadas (feito eu...)
precisam de boas sementes plantadas para poderem
retribuir com bons frutos.

Tinha-se vantagens em mãos.
O sabor do segredo era gostoso.(Mineira nascida e criada.)
Nada de correntes ou algemas.Vocês eram presos pela liberdade e pelos risos que os unia.Seguia tudo em um ritmo apreciativo para ambos.
Porém, aquela moça sem compromisso, que sai com você
não pelo seu sexo (que não é dos melhores...), mas
que sai com você pela companhia legal, precisou de
um abraço atencioso e um carinho de consolo.
E você nem se tocou. Outro tocou.
Isso a tocou. Ta aí o perigo!
Acompanhada por um avalanche de vacilos seus,
agora ela não precisa de mantra para te esquecer.
Não precisa ocupar seus pensamentos com
obrigações e trabalhos para não ter tempo de pensar em você.
Não precisa te excluir, porque te ver ou não, não faz a menor diferença.
Não precisa elaborar desculpas para ouvir sua voz.
E agora já é tarde para você se tocar. Não adianta mais.
Se poupe do papel ridiculo de fingir que ainda são os mesmos e que nada aconteceu.
Você fez tudo soar com tom de pouco caso.Você não
se importou com ela. Isso revirou a história.
Você conseguiu fazer brotar nela a plenitude da indiferença.
Você plantou. Você colheu.
Sem dó nem piedade, você virou bruscamente um passado.
Não que ela tinha sonhos com você. Não tinha planos. Mas tinha
um carinho. E esse se perdeu quando a roda da vida atingiu o ontem.
Você já não é mais tão legal. Você já não ocupa o espaço que tinha.
Você já não faz mais sentido.

E assunto encerrado.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

"Todo dia, a menina corria o quintal, procurando um arco-íris. Corria olhando para o alto, tropeçava e caía. Toda vez que se machucava, vinha chorando uma cor. Um dia, chorou o anil até esvaziá-lo dos olhos. Depois, chorou laranja, chorou vermelho e azul. Chorou verde. Violeta. Amarelo e até transparente! Chorou todas as cores que tinha, todas as cores de dentro. Então, abriu os olhos e nem o arco-íris, ela viu. Não viu flores e borboletas. Não viu árvores e passarinhos. Pensando que era ainda noite, deitou-se na cama e dormiu. Pensando que era tudo escuro, nem levantar-se ela quis! Ficou dormindo cinzenta, por dias e noites sem fim... Foi quando um sonho, tão colorido, derramou-se dentro dela! Tingiu o travesseiro e a fronha, o lençol e o pijaminha. Tingiu a meia e o quarto. Tingiu as casas e os ninhos! A menina abriu a janela e viu que hoje não tinha arco-íris. Mas tinha o desenho das nuvens. Tinha as flores e um passarinho."

Rita Apoena