terça-feira, 22 de setembro de 2009

"O pequeno..."

"Estás a ver aqueles campos de trigo ali adiante? Eu não gosto de pão e, por isso, o trigo não me serve para nada. E é uma triste coisa! Mas os teus cabelos são da cor do ouro. Então, quando tu me tiveres cativado, vai ser maravilhoso! O trigo é dourado e há-de fazer-me lembrar de ti. E hei-de gostar do som do vento a bater no trigo... "

"-Cativa-me!
- E tenho de fazer o quê? - disse o principezinho.
- Tens de ter muita paciência. Primeiro, sentas-te longe de mim, assim, na relva. Eu olho para ti pelo canto do olho e tu não dizes nada. A linguagem é uma fonte de mal entendidos. Mas podes-te sentar cada dia um bocadinho mais perto... O principezinho voltou no dia seguinte. - Era melhor teres vindo á mesma hora - disse a raposa. - Por exemplo, se vieres às quatro horas , às três, já eu começo a estar feliz. "

"- Foi o tempo que tu perdeste com a tua rosa que tornou a tua rosa tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu o principezinho, para nunca mais se esquecer.
- Os homens já não se lembram desta verdade - disse a raposa. - Mas tu não te deves esquecer dela."

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Aquela onda dentro da gente...



"-Você gosta de estrelas?
-Gosto. Você também?
-Também. Você está olhando a lua?
-Quase cheia. Em Virgem.
-Amanhã faz conjunção com Júpiter.
-Com Saturno também.
-Isso é bom?
-Eu não sei. Deve ser.
-É sim. Bom encontrar você.
-Também acho.

(Silêncio)

-Você gosta de Júpiter?
-Gosto. Na verdade "desejaria viver em Júpiter onde as almas são puras e a transa é outra".
-Que é isso?
-Um poema de um menino que vai morrer.
-Como é que você sabe?
-Em fevereiro, ele vai se matar em fevereiro.

(Silêncio)

-Você tem um cigarro?
-Estou tentando parar de fumar.
-Eu também. Mas queria uma coisa nas mãos agora.
-Você tem uma coisa nas mãos agora.
-Eu?
-Eu.

(Silêncio)

-Como é que você sabe?
-O quê?
-Que o menino vai se matar.
-Sei de muitas coisas. Algumas nem aconteceram ainda.
-Eu não sei nada.
-Te ensino a saber, não a sentir. Não sinto nada, já faz tempo.
-Eu só sinto, mas não sei o que sinto. Quando sei, não compreendo.
-Ninguém compreende.
-Às vezes sim. Eu te ensino.
-Difícil, morri em dezembro. Com cinco tiros nas costas. Você também.
-Também, depois saí do corpo. Você já saiu do corpo?

(Silêncio)

-Você tomou alguma coisa?
-O quê?
-Cocaína, morfina, codeína, mescalina, heroína, estenamina, psilocibina, metedrina.
-Não tomei nada. Não tomo mais nada.
-Nem eu. Já tomei tudo.
-Tudo?
-Cogumelos têm parte com o diabo.
-O ópio aperfeiçoa o real
-Agora quero ficar limpa. De corpo, de alma. Não quero sair do corpo.

(Silêncio)

-Acho que estou voltando. Usava saias coloridas, flores nos cabelos.
-Minha trança chegava até a cintura. As pulseiras cobriam os braços.
-Alguma coisa se perdeu.
-Onde fomos? Onde ficamos?
-Alguma coisa se encontrou.
-E aqueles guizos?
-E aquelas fitas?
-O sol já foi embora.
-A estrada escureceu.
-Mas navegamos.
-Sim. Onde está o Norte?
-Localiza o Cruzeiro do Sul. Depois caminha na direção oposta.

(Silêncio)

-Você é de Virgem?
-Sou. E você, de Capricórnio?
-Sou. Eu sabia.
-Eu sabia também.
-Combinamos: terra.
-Sim. Combinamos.

(Silêncio)

-Amanhã vou embora para Paris.
-Amanhã vou embora para Natal.
-Eu te mando um cartão de lá.
-Eu te mando um cartão de lá.
-No meu cartão vai ter uma pedra suspensa sobre o mar.
-No meu não vai ter pedra, só mar. E uma palmeira debruçada.

(Silêncio)

-Vou tomar chá de ayahuasca e ver você egípcia. Parada do meu lado, olhando de perfil.
-Vou tomar chá de datura e ver você tuaregue. Perdido no deserto, ofuscado pelo sol.
-Vamos nos ver?
-No teu chá. No meu chá.

(Silêncio)

-Quando a noite chegar cedo e a neve cobrir as ruas, ficarei o dia inteiro na cama pensando em dormir com você.
-Quando estiver muito quente, me dará uma moleza de balançar devagarinho na rede pensando em dormir com você.
-Vou te escrever carta e não te mandar.
-Vou tentar recompor teu rosto sem conseguir.
-Vou ver Júpiter e me lembrar de você.
-Vou ver Saturno e me lembrar de você.
-Daqui a vinte anos voltarão a se encontrar.
-O tempo não existe.
-O tempo existe, sim, e devora.
-Vou procurar teu cheiro no corpo de outra mulher. Sem encontrar, porque terei esquecido. Alfazema?
-Alecrim. Quando eu olhar a noite enorme do Equador, pensarei se tudo isso foi um encontro ou uma despedida.
-E que uma palavra ou um gesto, seu ou meu, seria suficiente para modificar nossos roteiros.

(Silêncio)

-Mas não seria natural.
-Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
-Natural é encontrar. Natural é perder.
-Linhas paralelas se encontram no infinito.
-O infinito não acaba. O infinito é nunca.
-Ou sempre.

(Silêncio)

-Tudo isso é muito abstrato. Está tocando "Kiss, kiss, kiss". Por que você não me convida para dormirmos juntos.
-Você quer dormir comigo?
-Não.
-Porque não é preciso?
-Porque não é preciso.

(Silêncio)

-Me beija.
-Te beijo."

C.F.A

Parecem aquelas primeiras conversas...
Aquela que forma uma onda dentro da gente...
Bem forte!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fé !


As dores não são vãs.
Não existem apenas para nos desequilibrar emocionalmente
ou nos fazer sentir uma criatura pior.
Após superada a fase de pranto e amargura interna, pode-se por vezes
perceber a grandeza que a mesma nos trouxe.
Ninguém pode permanecer tendo a mesma fraqueza após superá-la.
Algo superado é algo vencido.
E algo vencido pela superação é digno de mérito.
Claro.Os hematomas...Alguns não se apagam.
As mortes e saudades,por exemplo, parecem nunca ter um fim completo.
Vez ou outra se revelam em meio ao caos cotidiano.
E machucam. Querer alguém que também te quer e não poder tê-lo, vê-lo e nem sequer ouvi-lo, é uma tortura. Morte é cruel.Não é dor.É loucura.
As dores não são vãs.
Após superadas nos ensinam, amadurecem, enobrecem...
Minha fonte particular de superação está baseada em
Alguém maior que tudo.Maior que todos.
Através da oração venço meus obstáculos.
E venço!
Acredito em Deus ainda que não O veja.
Acredito sempre!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Pra não dizer que não falei do fim...



Existem manés por ai camuflados de homens.
(E muitos disfarces foram espalhados pelo visto.)
Eles precisam de um sujigão para poderem
ver que até as mais descompromissadas (feito eu...)
precisam de boas sementes plantadas para poderem
retribuir com bons frutos.

Tinha-se vantagens em mãos.
O sabor do segredo era gostoso.(Mineira nascida e criada.)
Nada de correntes ou algemas.Vocês eram presos pela liberdade e pelos risos que os unia.Seguia tudo em um ritmo apreciativo para ambos.
Porém, aquela moça sem compromisso, que sai com você
não pelo seu sexo (que não é dos melhores...), mas
que sai com você pela companhia legal, precisou de
um abraço atencioso e um carinho de consolo.
E você nem se tocou. Outro tocou.
Isso a tocou. Ta aí o perigo!
Acompanhada por um avalanche de vacilos seus,
agora ela não precisa de mantra para te esquecer.
Não precisa ocupar seus pensamentos com
obrigações e trabalhos para não ter tempo de pensar em você.
Não precisa te excluir, porque te ver ou não, não faz a menor diferença.
Não precisa elaborar desculpas para ouvir sua voz.
E agora já é tarde para você se tocar. Não adianta mais.
Se poupe do papel ridiculo de fingir que ainda são os mesmos e que nada aconteceu.
Você fez tudo soar com tom de pouco caso.Você não
se importou com ela. Isso revirou a história.
Você conseguiu fazer brotar nela a plenitude da indiferença.
Você plantou. Você colheu.
Sem dó nem piedade, você virou bruscamente um passado.
Não que ela tinha sonhos com você. Não tinha planos. Mas tinha
um carinho. E esse se perdeu quando a roda da vida atingiu o ontem.
Você já não é mais tão legal. Você já não ocupa o espaço que tinha.
Você já não faz mais sentido.

E assunto encerrado.